sexta-feira, 10 de março de 2017

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Condromalácia Patelar

A condromalácia patelar consiste em uma patologia crônica degenerativa da cartilagem articular da superfície posterior da patela e dos côndilos femorais correspondentes, que produz desconforto e dor ao redor ou atrás da patela. É comum em jovens adultos, especialmente jogadores de futebol, ciclistas, jogadores de tênis e corredores.

Refere-se ao joelho que foi estruturalmente danificado, na qual os sintomas ainda podem ser completamente revertidos. Porém, eventualmente, mudanças causadas por reações inflamatórias internas da cartilagem produzem um dano estrutural muito mais difícil de ser tratado, portanto recomenda-se a avaliação de um ortopedista assim que notados os primeiros sintomas.

Segundo a classificação descrita por Outerbridge (1961), existem 4 níveis de condromalácia patelar, de acordo com o estádio de deterioração da cartilagem:

  • Amolecimento da cartilagem e edemas
  • Fragmentação de cartilagem ou fissuras com diâmetro < 1,3 cm diâmetro
  • Fragmentação ou fissuras com diâmetro > 1,3 cm
  • Erosão ou perda completa da cartilagem articular, com exposição do osso subcondral

Características Gerais

Os principais sintomas são: dor profunda no joelho ao subir e descer escadas, ao levantar-se de uma cadeira, ao correr, muitas vezes restringindo atividades físicas. Dores atrás ou ao redor da patela, ocorrem principalmente quando o joelho é flexionado – como ao subir escadas ou agachar-se, por exemplo. Uma ardência ou dor ao ficar com o joelho flexionado por longos períodos, mesmo sem forçá-lo, também é um sintoma comum na condromalácia patelar, além de crepitação e estalos, muitas vezes audíveis. É possível também a presença de derrame intra-articular (edema).

A causa exata permanece desconhecida, porém segundo a literatura, acredita-se que esteja ligada a fatores anatômicos, histológicos e fisiológicos, que resultam no enfraquecimento e amolecimento da cartilagem envolvida.

O fator mais comum é o traumatismo, seja por um trauma crônico por fricção crônica entre a patela e o sulco patelar do fêmur – por onde ela passa durante a flexão do joelho – em razão do uso inadequado de aparelhos de ginástica, exercícios em step, agachamentos ou leg press, bem como pela prática inadequada de esportes, com força excessiva aplicada na patela; ou por um trauma distinto, como uma pancada ou choque do joelho sobre um objeto, e lesão aguda da cartilagem femoropatelar, com impedimento da nutrição ideal dessa estrutura devido às rachaduras originadas.

As anomalias biomecânicas, como a superpronação dos pés, também podem resultar em incongruência entre a direção em que a patela é puxada pelo músculo do quadríceps e o formato do sulco patelo femural por onde ela se desloca.

Recomendações

  • É imprescindível fazer uma avaliação com um reumatologista, um fisiatra, um ortopedista, ou então um fisioterapeuta, para receber o diagnóstico preciso e o tratamento correto. Jamais faça exercícios em academias sem a assistência de um professor de educação física. As orientações dadas aqui podem ser excluídas com o tempo.
  • Excluir exercícios e esportes de alto impacto (futebol, vôlei, basquete, corrida, ciclismo) ou atividades suspeitas de causarem a lesão. Natação é um bom exercício para manter o condicionamento físico sem afetar o joelho.
  • Reforçar os músculos fracos, fazendo exercícios leves e de baixo impacto. É especialmente importante reforçar o músculo vasto medial para equilibrar as forças atuantes sobre a patela – fazendo extensão de cada perna separadamente, por exemplo.
  • É importante avaliar o limite de extensão e flexão do joelho durante os exercícios, para não agravar o quadro. Peça ao profissional para demonstrar. Evite a sobrecarga.
  • Alongar quadríceps, banda iliotibial (lateral), posterior da coxa, tendões e panturrilha regularmente. Não esquecer de alongar bem antes e depois dos exercícios.
  • Colocar gelo no joelho após os exercícios.
  • Evitar subir e descer escadas.
  • Garantir lugar suficiente para a perna no carro ou no seu lugar de trabalho, evitando manter o joelho flexionado mais de 90 graus por muito tempo.
  • Manter boa postura e evitar cruzar as pernas por longos períodos.
  • Não sentar sobre as pernas com o joelho em hiperflexão.
  • Quando estiver deitado, não deixar o peso do corpo pressionar ou mover a patela, usando um travesseiro para manter os joelhos levemente separados e as patelas no lugar.
  • Usar sapatos confortáveis, principalmente durante os exercícios.
  • Evitar aplicar peso excessivo na articulação afetada, perdendo peso se necessário.

 

Fonte: MACHADO, F. A. e AMORIM, A. A. – Condromalácia patelar: aspectos estruturais, moleculares, morfológicos e biomecânicos