quarta-feira, 9 de novembro de 2016

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O pé humano é constituído por vários músculos (19), 26 ossos, 107 ligamentos, 33 articulações e grande número de tendões. Sua estrutura em forma de arco exerce o papel de uma alavanca que impulsiona o corpo durante a marcha e facilita a adaptação a diferentes tipos de solo. Ela é fundamental também para a distribuição adequada do peso que os pés têm de suportar e para manter o equilíbrio.

É fácil entender que uma estrutura tão complexa como essa e com tantas funções diferentes esteja sujeita a alterações anatômicas. Uma das mais comuns é o joanete, ou hálux valgo. Sua principal característica é a formação de uma saliência óssea na articulação metatarsofalângea do hálux , ou seja, na base do primeiro metatarso (osso longo que liga os dedos à parte central dos pés). Ela ocorre quando o dedão (ou hálux, de acordo com a nomenclatura médica) sofre um desvio lateral na direção do segundo dedo.

O joanete aparece não porque uma nova estrutura óssea tenha crescido, mas porque houve um desalinhamento entre os ossos e articulações dos dedos dos pés. Com a evolução do quadro, o dedo maior pode empurrar, sobrepor-se ou colocar-se debaixo dos outros dedos. Como consequência, a distribuição do peso nos pés fica comprometida, o que pode prejudicar várias articulações do corpo.

Embora surjam quase sempre por causa de alterações no hálux, joanetes podem ser provocados pelo desvio do quinto osso metatársico localizado na base do dedo mínimo do pé. Nesse caso, ele se chama joanete de Sastre ou do alfaiate, uma vez que acomete mais esses profissionais.

Causas e fatores de risco

O joanete é a deformidade óssea mais prevalente nos pés dos adultos, que afeta mais as mulheres do que os homens. Em alguns casos, o problema é congênito, ou seja, a criança já nasce com o desvio lateral do artelho.

Existem causas genéticas e mecânicas que predispõem para o aparecimento da alteração. Quase sempre, porém, a deformidade é determinada pela confluência de vários fatores de risco, a saber:

  • Hereditariedade: as pesquisas mostram que por volta de 60% das pessoas com joanetes têm história familiar da doença;
  • Doenças reumáticas preexistentes, como artrite reumatoide, gota, lúpus;
  • Enfermidades neurológicas (AVC, paralisia cerebral, trauma medular, etc.);
  • Anatomia óssea anormal dos pés, fragilidade de ligamentos e tendões, pé chato, dedão do pé maior do que o segundo dedo;
  • Sapatos de salto alto, bico fino ou muito apertados: o salto alto projeta o pé para frente, o que prejudica a distribuição do peso corporal. O bico fino favorece a compressão dos dedos, principalmente do dedão e do dedinho. A parte da frente do calçado muito justa é outro fator de risco para o aparecimento dos joanetes.

Sintomas

Em alguns casos, os joanetes são assintomáticos. Quando os sintomas se manifestam, os mais comuns são:

  • Saliência óssea parecida com um calo na base do dedão;
  • Dor, rubor e calor na articulação por causa do processo inflamatório na articulação;
  • Formação de calosidades nos dedos comprometidos e na planta dos pés;
  • Espessamento da pele na base do dedão;
  • Rigidez progressiva do dedo deslocado.

Diagnóstico

O diagnóstico leva em conta os sintomas e a avaliação clínica das estruturas ósseas do pé comprometidas pelo joanete. Exames de raios X costumam ser úteis para determinar a gravidade da lesão e orientar a escolha do tratamento.

Tratamento

Não existe tratamento padrão para todos os casos de joanete. O médico avalia as condições e necessidades de cada paciente – faixa de idade, estilo de vida, estado geral da saúde, intensidade dos sintomas, por exemplo — antes de propor um tratamento conservador ou cirúrgico.

O tratamento conservador não visa à correção da deformidade. A proposta é aliviar os sintomas e impedir a progressão do desvio. Para atingir esses objetivos, a primeira medida é trocar os sapatos apertados e duros por outros mais folgados e macios, sem salto ou com salto baixo. O bico deve ser arredondado ou quadrado para acomodar melhor os dedos e diminuir o atrito nas zonas de pressão. Outros recursos terapêuticos são a utilização de protetores ortopédicos sobre a área deformada da articulação e de separadores entre os artelhos para manter o dedão afastado do segundo dedo. Quando e se necessário, o médico pode prescrever medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.

Há casos mais graves que exigem solução cirúrgica.  Existem mais de cem técnicas diferentes que permitem corrigir a deformidade, a fim de restaurar as funções perdidas e eliminar os sintomas dolorosos. A técnica percutânea, por exemplo, permite que o procedimento seja realizado em ambiente ambulatorial através de pequenos orifícios por onde são introduzidos os instrumentos para corrigir a deformidade.

Recomendações

  • Redobre a atenção e cuidados na hora de comprar sapatos. Eles precisam acomodar os pés com conforto para não interferir na distribuição equilibrada do peso do corpo;
  • Lembre, na hora de comprar calçados, que os pés aumentam um pouco de tamanho no fim do dia ou quando envelhecemos. Por isso, é sempre melhor que a ponta dos dedos não encoste na frente do sapato;
  • Não use o mesmo par de sapatos ou de tênis por dias seguidos para evitar o atrito sempre no mesmo ponto dos pés;
  • Ande descalço, sempre que possível, especialmente em terrenos irregulares ou na areia, para fortalecer os dedos e articulações dos pés;
  • Aplique gelo sobre o joanete para aliviar a dor e reduzir o processo inflamatório;
  • Procure um ortopedista, se seus pés estiverem doloridos ou notar alguma alteração no seu formato e aparência.

Fonte: Dráuzio Varella




Postado por Clínica Ortopimenta às 10:46 pm