Formação óssea
Apesar de a formação dos ossos se iniciar durante as primeiras semanas de vida intra-uterina, esta leva muito tempo até ficar concluída, visto que apenas se obtém a constituição definitiva de todos os ossos do esqueleto no final da adolescência. Para além disso, inicialmente, o esqueleto em vez de ser formado por osso, é constituído por cartilagem, um tecido muito mais flexível e elástico que não apresenta minerais na sua constituição. No entanto, ao longo do crescimento, esta cartilagem vai sendo progressivamente substituída por osso, através de um processo denominado ossificação.
Como a ossificação compreende várias etapas, costuma ser um processo lento e complexo. A primeira fase consiste na formação do molde cartilagíneo de cada osso e do seu revestimento bastante resistente, denominado pericôndrio. A partir deste revestimento, existem células cartilagíneas activas, denominadas condroblastos, que ao ocuparem o interior da substância produzem uma substância amorfa, sobre a qual os elementos minerais irão ser depositados. A última fase decorre a partir da morte dos condroblastos já maduros, ou condrócitos, mais precisamente depois de estes ficarem presos no meio de uma massa que não lhes permite a sua nutrição. É então que as células ósseas activas, os osteoblastos, penetram através do revestimento exterior para o seu interior, com o objectivo de constituírem centros de ossificação a partir dos quais o osso vai sendo formado. Embora os primeiros núcleos de ossificação apareçam durante a vida intra-uterina, na infância existem outros novos que ao aparecerem vão progressivamente substituindo a cartilagem, o que permite ao osso crescer em espessura e em comprimento até atingir a sua forma definitiva. Consequentemente, os ossos apenas estão formados por completo quando toda a cartilagem for substituída por osso, o que acontece ao longo da infância.
Os ossos longos aumentam de comprimento graças à existência de cartilagens de conjugação. Trata-se de zonas muito activas, onde apenas existe cartilagem, a partir das quais se vai formando um novo osso. As zonas de transição entre o osso já formado e a cartilagem são denominadas de metáfises. A influência das hormonas produzidas durante a puberdade faz com que as cartilagens de conjugação sofram um processo de ossificação, o que provoca a paragem do desenvolvimento dos ossos longos. O fim da puberdade determina o tamanho definitivo do indivíduo.
Renovação óssea
Embora muitos pensem que não têm actividade, os ossos são formados por uma substância viva e passam por um constante processo de renovação, já que os sectores do osso mais velho vão sendo continuamente substituídos por osso novo. Este processo, denominado renovação óssea, embora vá ficando cada vez mais comprometido com o passar dos anos, persiste durante toda a vida.
A renovação do osso é provocada por uma acção sequencial dos diferentes tipos de células ósseas: os osteoblastos, responsáveis pela formação de osso novo, e os osteoclastos, que se encarregam da destruição do osso envelhecido, em que os osteoclastos começam por reabsorver o osso nos diversos pontos em que o tecido já está envelhecido, deixando pequenos sectores “ocos”. Em seguida, estas cavidades são ocupadas pelos osteoblastos, que deverão produzir um osso novo. Este processo de renovação ocorre ciclicamente, de forma ininterrupta e simultânea nos inúmeros focos de cada osso. Nos indivíduos jovens, estes ciclos têm uma duração aproximada de 120 dias, em que a reabsorção e a neoformação óssea são equiparáveis. Com o decorrer do tempo, os ciclos vão-se tornando mais longos e a destruição de osso velho é superior à formação de osso novo, um facto que explica a diminuição da densidade óssea e a maior fragilidade dos ossos dos idosos.
Tipos de osso
Embora todos os ossos sejam constituídos por tecido ósseo, cada um tem a sua forma característica, sendo possível distinguir três tipos de ossos: longos, largos e curtos.
Os ossos longos são cilíndricos, apresentam um corpo central longo, denominado diáfise, e duas extremidades, denominadas epífises, com uma forma diferente em cada caso, de modo a haver uma articulação com os ossos adjacentes. Estes ossos são constituídos por uma camada exterior de osso cortical com vários milímetros de espessura, designada córtex, exteriormente revestida por uma membrana dura, o periósteo, e interiormente revestida por outra membrana resistente, o endósteo. Nas epífises, o espaço delimitado pela camada de osso cortical está ocupado por osso trabecular, cujas trabéculas acolhem a medula óssea vermelha onde são produzidas as células sanguíneas. Por outro lado, na diáfise, a camada exterior delimita um espaço oco, a cavidade medular, ocupado por medula óssea vermelha ou por medula amarela, como acontece nos adultos, a qual é inactiva. Exemplos deste tipo de osso são os que constituem o esqueleto dos membros (fémur, tíbia, perónio, úmero, cúbito, rádio) e também as falanges, embora sejam muito mais pequenas.
Os ossos largos, de diversas formas e dimensões, planos ou achatados, são constituídos por duas camadas de osso cortical que delimitam um espaço ocupado por osso trabecular – neste caso, denominado diploé cujas trabéculas também albergam medula óssea. Exemplos deste tipo de osso são o crânio, o esterno, a omoplata e o osso ilíaco.
Os ossos curtos, de reduzidas dimensões e com uma forma cilíndrica ou cúbica (apesar de a sua forma poder variar), são formados por uma fina camada de osso cortical, estando repletos de osso trabecular, que por vezes alberga medula óssea. Alguns exemplos deste tipo de osso são as vértebras e os que constituem o carpo (punho) e o tarso (parte posterior do pé).
Fonte: Medipedia.pt