Não é novidade para ninguém que a prática esportiva, e suas múltiplas possibilidades, são de grande importância para o processo formativo de jovens e adolescentes. Ter uma rotina de atividade física desde a infância contribui não só para a recreação e lazer, mas, também, para aspectos sociais relacionados, principalmente, à socialização e à construção de valores morais e éticos.
Algumas crianças que iniciam a prática esportiva param no meio do caminho por apresentarem lesões ortopédicas geralmente agravadas pela falta de orientação de um profissional da área. “A iniciação esportiva é o caminho para muitas crianças que vislumbram o mundo esportivo em seu futuro, no entanto, para que elas cheguem lá, é preciso que estejam bem orientadas quanto à melhor atividade indicada para cada idade, bem como a carga e a periodicidade”, explica o Dr. Gilberto Francisco Brandão, ortopedista e presidente do XII Congresso Brasileiro de Ortopedia Pediátrica.
Segundo ele, “A criança não é um adulto em miniatura, mas muitas vezes são tratadas como tal principalmente pelos pais e alguns treinadores que projetam nelas sonhos que não foram realizados por eles”, alerta. “É onde mora o perigo, pois elas são sobrecarregadas com uma pressão no corpo e no cérebro que não é compatível para a idade. O que acaba ocasionando sérios problemas de saúde, já que elas são expostas a cargas de treinamento e estímulos que deveriam ser aplicados somente em adultos”, completos.
Brandão destaca que, entre eles, as lesões mais comuns estão as de cotovelo, ombro, quadril e aquelas associadas aos membros inferiores como tíbia e fêmur. Outro fator que pode levar a traumas é a obesidade infantil, já que muitos jovens nessa condição procuram a atividade física para ajudar na perda de peso, mas acabam forçando o corpo e lesionando músculos importantes. “O papel do treinador é muito importante para o sucesso dessas pessoas, assim como para os que desejam se tornar atletas, mas é preciso saber respeitar as limitações e as habilidades de cada pessoa. Nesse sentido, é fundamental que estas crianças também sejam acompanhadas de perto por ortopedistas qualificados que indicarão as atividades mais adequadas de acordo com o perfil”, esclarece.
As opções variam, também, de acordo com a idade. Até cinco anos, as mais indicadas são a natação, o balé e o judô. Acima dessa idade, as desenvolvidas em coletividade como futebol, tênis, vôlei e basquete são as principais. “Até os 10 anos o ideal é que a criança faça o que chamamos de ciclo básico, ou seja, não fazer apenas uma atividade específica, mas intercalar várias que possibilitem exercitar todo o corpo e não estressar apenas um grupo muscular” reforça Brandão. E para finalizar, o ortopedista diz que a musculação é proibida para meninas abaixo dos 14 anos e meninos com menos de 16.
Fonte: IMOT