O que são estas lesões?
O manguito rotador é o grupo de músculos (subescapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso e redondo menor) que cobre a cabeça do úmero e tem grande importância na estabilização, na força e na mobilidade do ombro. Ele pode sofrer lesões em grandes traumas, porém o mais frequente é a lesão crônica com graus variáveis, desde um pequeno edema até a ruptura total de um ou vários músculos do manguito.
Existe uma relação entre a síndrome do impacto e a degeneração do manguito. O impacto ocorre entre o manguito (geralmente e supra-espinhoso) e a porção antero-inferior do acrômio, o ligamento córaco-acromial e a articulação acromioclavicular.
Como ocorrem?
O local do ombro onde estão os tendões do manguito rotador chama-se espaço subacromial e tem uma característica peculiar. Esse espaço tem um “teto”, chamado acrômio e um “chão”, chamado de tubérculo maior do úmero. Esse espaço pode estar diminuído por diversas condições: um “teto” mais baixo, pela presença de esporões no acrômio ou por uma postura inadequada da escápula ou por um “chão” mais alto, pela fraqueza dos tendões do manguito rotador ou por movimentos repetitivos com o braço elevado. Além desses fatores mecânicos, existem fatores biológicos que fragilizam esses tendões: degeneração natural pelo envelhecimento, problemas vasculares locais (comuns nos tabagistas) e as tendinites (tendinopatias) crônicas. Traumas, fraturas e luxações no ombro ou trações do braço podem criar ou piorar pequenas lesões prévias. Também parece existir uma influência genética, que tem sido estudada mais recentemente. Em um espaço subacromial diminuído pode ocorrer um atrito nos tendões, chamado de síndrome do impacto. Esse atrito, associado aos fatores biológicos podem causar as lesões. Podemos considerar, portanto, que a lesão do manguito rotador é uma doença com muitas e diferentes causas.
O que se sente?
A síndrome do impacto e a conseqüente lesão do manguito rotador ocorrem em fases evolutivas:
- Fase 1: Edema e hemorragia
- Fase 2: Fibrose e tendinite
- Fase 3: Ruptura do tendão
Na fase 1, que é mais comum em jovens mas pode ocorrer em qualquer idade, ocorre dor no ombro e na face lateral do braço relacionada a movimentos repetidos de elevação. Pode ocorrer limitação de mobilidade e crepitação. Os sintomas na fase 2são semelhantes. Esses estágios são reversíveis.
Com a progressão da lesão pode ocorrer a ruptura do tendão, geralmente em pacientes acima de 45 anos e com longo período de sintomas prévios. Além da dor, que freqüentemente é noturna, nafase 3podem ocorrer graus variáveis de perda de força e da elevação, abdução e rotações, dependendo do local e tamanho da ruptura.
Como se trata?
Nas fases iniciais o tratamento é clínico:
- Analgésicos e anti-inflamatórios
- Evitar movimentos e atividades que provoquem dor
- Fisioterapia
- Reforço muscular
- Eventual infiltração
Quando o tratamento clínico não for eficaz, após vários meses, pode-se iniciar tratamento cirúrgico baseado na patologia básica (proeminência acromial, alterações acromioclaviculares, ruptura tendinosa ou combinação de várias).
As possibilidades cirúrgicas incluem, entre outras:
- Acromioplastia
- Retirada de osteófitos acromioclaviculares
- Sutura do manguito
- Desbridamento da lesão e bursectomia
A cirurgia pode ser aberta ou artroscópica. Com o desenvolvimento das técnicas de artroscopia nos últimos anos, cada vez mais a patologia do manguito rotador tem sido tratada dessa forma.
Fonte: Dr. Mauro Gracitelli | ABC da Saúde